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um dia,

 UM DIA,

Performance de longa duração realizada em Salvador-Bahia, no encontro Arte, Cidade e Urbanidades em 2018, constitui-se de uma deambulação pela cidade baiana com 9 horas de duração, enquanto a performer realiza a leitura contínua do texto “UM DIA,”* - criado pela artista na ocasião de sua pesquisa de doutorado e de uma residência artística na Cité des Arts em Paris-França - a partir de deambulações e outras práticas de caminhada urbana empreendidas na cidade francesa. O intuito é observar como o seu corpo, feminino, sente e responde à cidade em diferentes locais e momentos do dia. Assim, a construção errática do texto, com uma linguagem poética, acabou desenhando uma trajetória que se inicia de manhã, no espaço seguro e confinado do apartamento, e se encerra de noite, quando o seu corpo de mulher se sente violentamente agredido pelos perigos da cidade. Na proposta da performance Sofia propõe novamente colocar em foco a vulnerabilidade do corpo feminino. Assim, a sobreposição de duas realidades urbanas completamente diversas: a de Paris, cidade símbolo da  modernização do século XIX e capital de um país desenvolvido – presente nas experiências do texto – e a de Salvador, cidade colonial, ex-capital de um país da América Latina – atualizada no próprio momento da leitura –  reforçará esse infeliz traço em comum: com diferentes graus de intensidade, o perigo real de se praticar o espaço urbano enquanto mulher, está sempre presente nas grandes metrópoles. A repetição do texto, que revive, por fim, uma cena de estupro, serve, como na repetição de um trauma esua própria possibilidade de elaboração. Para devolver a esse corpo, o direito à cidade.

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The long durational performance, accomplished in Salvador-Bahia Brazil, was created from Sofia's PhD research and experiences in Paris between 2017 (Université Sorbonne nOuvelle, Paris-3) and her artistic residency in Cité Internationale des Arts (2018). It was a long ambulation (9 hours) in the streets of Salvador, during which she performed a reading of a text created from her “flanêries” in Paris. The perfomance aimed to discuss the vulnerability of the female body. Thus, the superposition of two completely different urban realities: that of Paris, a symbolic city of modernization in the 19th century and the capital of a developed country - present in the experiences of the text - and that of Salvador, a colonial city, former capital of a country in the Latin America - updated at the very moment of reading - will reinforce this unfortunate trait in common: with different degrees of intensity, the real danger of practicing urban space as a woman is always present in large cities. The repetition of the text, which finally relives a scene of rape, serves, as in the repetition of a trauma, its own possibility of elaboration. To give back to this body, the right to the city.